Você já ouviu falar em depressão infantil? Pois é. Um quadro considerado a segunda maior causa de afastamento do trabalho entre adultos, conforme a Organização Mundial da Saúde, também é a principal causa de incapacidade de realização de tarefas do dia a dia entre jovens de 10 a 19 anos.
Quais os sintomas?
Primeiro, precisamos diferenciar depressão de tristeza. Todos nós, da infância até a maturidade, vivenciamos a tristeza em diversos graus e essa vivência, ou pelo menos a possibilidade de, faz com que aprendamos a lidar com situações de luto, separação dos pais, fracasso escolar ou profissional e perdas, de uma forma geral. Portanto, a tristeza não é uma doença, mas um sentimento natural diante de uma perda. A duração desse estado, no entanto, pode indicar um problema.
O que vai sugerir um quadro de depressão é a duração, a frequência e a intensidade com que os sintomas se apresentam. A perda de alguém próximo e querido pode levar a um sentimento de profunda tristeza, podendo se estender entre 6 a 12 meses, sem que isso se caracterize como doença. Além desse tempo, no entanto, é necessário um olhar mais atento, pois podemos estar diante de um quadro de depressão.
A criança apresenta dificuldades em expressar o que está sentindo, pela própria idade precoce, não sabendo, assim, nomear as próprias emoções. Muitas vezes, até somatizando, ou seja, transformando em sintomas físicos aquele incômodo emocional.
Alguns sinais podem ser indicadores de um quadro depressivo e, quando percebidos, é importante a procura de ajuda profissional para confirmar o diagnóstico e iniciar um tratamento.
- Irritabilidade, muitas vezes confundida com malcriação;
- Quadros de tristeza que se prolongam excessivamente ou são desproporcionais à situação que os gerou;
- Desânimo persistente e dificuldades ou desmotivação em relação a atividades das quais gostavam antes;
- Alterações no sono (dificuldade para dormir ou sono excessivo) do apetite (aumento ou diminuição), ideias muito tristes ou pessimistas;
- Dificuldades de concentração com queda no rendimento escolar;
- Ideias de culpa ou de menos valia (desvalorização de si mesmo);
- Diminuição da atividade psicomotora
O que fazer?
Um olhar atento, conversar com a criança e busca de ajuda profissional são os primeiros passos na identificação e tratamento da depressão infantil. Na maioria das vezes, o apoio da família e psicoterapia são suficientes para a regressão do quadro.
Salete Cristina Lopes
Psicóloga Clínica – Psicoterapeuta Junguiana
CRP 70202/06